quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Teus olhos...

                                                                 
Ando eu deslumbrando-me,
Ora demais,
Com o céu negro que há nos olhos teus...

Já não há claridade que estenda-me,
Somente, meu amor, a escuridão
E, entre nós, ou em mim, senão, a paixão da insanidade.

Do ósculo, carícia doce escarlate
Minuciosa, delineada
A saliva velando alva flor
Escorrendo entre as pernas, ao som d’arpas...

As cifras de todas elas, soluçantes em treva densa
Louvando nossos negros corações,
Excedidos às chamas...

Queimam, deliciosamente fartas
A pele e as horas, ocultando desejos
Quase ausentes, desesperados
Numa escuridão pouco finda.

Oh, olhos de um deus!
Esculpidos à ônix sagrada
D’um olhar triste, a noite traga
a conta mortal do meu segredo...

Profano,
Devora-me fôlego e fé, madrugadas afora
Sangrando enquando encerrado na afiada lâmina
Do teu desamor afetuoso...

A paz perdida nos acinzentados pesadelos
E o tempo medido à nada
As lágrimas, chovendo crueis pecados
                      E minha morte...
                                       à espera de tuas fúnebres rosas.

Em segundos d’onde minh’alma, vertendo sob teus olhos negros,
                                        desce, por Caronte, inebriada aos infernos ...

Vaga, vaga... Horas, quando à estrada, sinuosa, silenciosa, vaga desgraçada...
                                        alma sem começo nem fim!