sábado, 27 de agosto de 2011

CARPE DIEM?

                                                                                      certamente, dedicado...
                                                                                     

 Não deixe para aguar as flores apenas no dia de colhê-las...  
Nem mesmo as colha. 
Flores são mais lindas vivas e orvalhadas!
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- Sim, eu me apaixonei por você, não vês?
- Não fala assim...
- O que será de nós?
- Curta o momento... O 'agora'!

      Por quanto o 'agora' não passará de simples e nostálgico pretérito para os meus sonhos de amanhã?
    Por tanto que tenho chorado, não vejo saída a não ser viver, somente. Mesmo que o momento de um segundo apenas seja minha lembrança mais eterna e flamejante de um 'agora' que saltou o tempo e tornou-se pó. 
     Tornaremo-nos pó! É o óbvio das coisas que passam, ou seja, da vida... Da alma que desabita em mim para estar presa num passado que tenha sido doce e generoso.
      Desejo o 'agora' para sempre. Deus o tem... 
      Quero estar a um palmo da eternidade d'um momento... Deus tem estado em tempo integral.
      Quero dizer... Deus se faz no tempo e permite que para Ele o tempo seja um instante infinito estacionado.
       Peço a Deus para me dar um décimo da graça deste instante...
       Porque este 'agora' me incomoda de modo inexprimível.
       Os beijos de um 'agora' já são ou serão os de ontem...
       Os amores de 'agora' já nem são, nem serão mais amores...
       Se perderam, se perderão...
       Me perdi... E me perco a cada instante...
       Num 'agora' que só durará tanto tempo em minhas recordações...
       Até que o 'agora' da morte os apague.

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quarta-feira, 24 de agosto de 2011

D'alma...

                                    

"Sou o que se chama de pessoa impulsiva. Como descrever? Acho que assim: vem-me uma idéia ou um sentimento e eu, em vez de refletir sobre o que me veio, ajo quase que imediatamente. O resultado tem sido meio a meio: às vezes acontece que agi sob uma intuição dessas que não falham, às vezes erro completamente, o que prova que não se tratava de intuição, mas de simples infantilidade.
Trata-se de saber se devo prosseguir nos meus impulsos. E até que ponto posso controlá-los. [...] Deverei continuar a acertar e a errar, aceitando os resultados resignadamente? Ou devo lutar e tornar-me uma pessoa mais adulta? E também tenho medo de tornar-me adulta demais: eu perderia um dos prazeres do que é um jogo infantil, do que tantas vezes é uma alegria pura. Vou pensar no assunto. E certamente o resultado ainda virá sob a forma de um impulso. Não sou madura bastante ainda. Ou nunca serei.”  (Clarice Lispector)

domingo, 21 de agosto de 2011

Doce, imediata paixão...

                                                                         "Por aquela tão doce
                                                                          e tão breve ilusão..." (Florbela Espanca)

                                                                                                
                                                                                                                      ...


Mil tormentas...
o estrondo do meu coração
o espasmo dilacerante do vazio
e em mim, quando à paixão ateio fogo,
dói e queima, ardentemente,
matando a fúria da lembrança
do teu beijo
do teu corpo
das tuas mãos traçadas ao meu contorno...

E penso em mim nenhum segundo mais

mas penso incessantemente em ti
ornado de sonhos
de-fi-ni-das alucinações...

Nenhuma maior que outra
mas tão gratas por amar-te apenas
uma vez que seja...

teu perfume ainda jaz em minha roupa
na pele
adentrando-me tal seu gozo...

De certo a paixão já me ocupa
e esta é minha única e derradeira desculpa
para escrever-te...

Nenhum mal a menos...
só o teu calor ainda em meu corpo
e tua voz solta, clara, celeste...

e o que houve, por quanto voltará?
se em NUNCA, tão breve...
morro já de tédio e desolação...

então...
escuridão...
enquanto não me vejo mais
em teus olhos de menino!

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domingo, 14 de agosto de 2011

Outra vez Ele...



Outra vez a paixão e seu vício...
outra vez e eu nem sei bem qual foi a última...
Outra vez que o coração acelera furioso e caótico
em ambição, sem rumo, sem prosa definida.

E eu havia prometido me desocupar de amores...
Jurei não dar a mim mesmo ilusões indiferentes e frias...
Agora, mais uma vez, Ele bate à porta e eu, incauta, abro
sem pensar, sem estar preparada.
Sem armas letais contra Ele.

Ah, e eu que nunca soube
nunca percebia entre olhares
que o Mal de Amor é uma tormenta sinuosa.
E, agora, eu faço D'ele, novamente, meu enredo principal...
Caminhando, sorrateira e vorazmente, pr'um outro triste final.