sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Conversa com Deus...

                                

                                                                                                 (ao meu Anjo...)

Resolvi, apesar do peso das lágrimas, sentar ao lado de Deus e pedir um momento de sua atenção. Andei considerando-me esquecida por Ele. Andei em tão densas nuvens de mágoas e tristezas! Resvalei-me dias e dias pensando, até mesmo, na morte. Pedi a Ele um tempo e uma chance para a felicidade. Eu costumo achar a felicidade algo difícil e tão imperceptível! Inalcançável, de fato.

Chorei e choro longamente. Exerço uma prática tamanha ao cair destas lágrimas. É como se todas já me parecessem tão costumeiras e agradavelmente inebriantes. Mas não são... São amargamente mortais. É minha alma, pouco a pouco, indo embora, dizendo um sonoro e clemente Adeus!

Mas, entre águas amargas ora doces, lembrei-me de alguém...

Como poderia pedir a Deus uma chance para a felicidade se a maior foi-me dada por Ele e eu não pude enxergar?

Como passou-me insensivelmente o fato Dele ter entregado à minha vida, um Anjo?

Pedi a Ele tanto, sendo que eu já o possuía...

Lembrei-me de ti! Sim... Ele te mandou para mim.

Não houve momento em que tu não estivesse aparando minhas lágrimas e desejando o meu sorriso.

Em todos os segundos desde que te conheci tu foste luz em minha vida. Não há dor ao teu lado. Não há desespero... Há uma abundante e sóbria paz, um carinho nunca antes sentido, uma incontrolável força interior.

Sim, Deus deu-me alguém e agora eu sei seus motivos.

Deus entendia meus caminhos e saberia o quanto eu sofreria se tivesse que trilha-los sozinha e humilhada. Então Ele entregou-me um anjo.

Onde quer que eu esteja, o que quer que eu diga ou pense... Tu iluminas e reveste-me com tamanha glória.

Quais espinhos e pedras eu pisar, por vales escuros em que eu chorar, nas tempestades, no medo terrível e até mesmo na morte, tu estarás ao meu lado e eu posso enxergar o teu Amor por mim. Posso ver o quanto o teu sentimento cura-me e reergue-me para a vida.

Louvo a Deus e o louvarei, eternamente, por ter-me confiado um dos seus. Agradeço a Ele pela luz do teu olhar que ilumina o meu nas noites sombrias... Agradeço a Ele por ouvir tua voz quando o que mais desejo é silenciar-me para sempre... Agradeço a Ele por todos os segundos que tu estás ao meu lado oferecendo-me esperança quando toda a minha vida parece destruída... Agradeço a Ele por tantas palavras de paz e conforto quando a mais intensa tempestade toma minh’alma... Agradeço a Ele pelas tuas mãos cobrindo as minhas nas manhãs e noites em que eu me encontro sozinha e frustrada... Agradeço a Ele pelo teu abraço quando o mundo vira as costas para mim... Agradeço sinceramente!

E eu que não acreditava mais em um amor maior que o mundo. Destes amores que seguem além da vida... E, exatamente, um destes me foi entregue.

Hoje e sempre... Sou grata ao meu Senhor por ter conhecido-te e, imensamente feliz, por amar-te tão pura e verdadeiramente.

Somente tu podes trazer vida para a minha pouca vida e luz para o meu caminho, antes tão árduo.

Meu Anjo e meu presente mais valioso tu és! Pra sempre!

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

'- quem bate?'



n'algum ladrilho mais curto, naquele exato que não caberá meu passo
de vão em vão, entre dois ou três, prospero
num deboche meio amargo que voa para longe da lucidez
e entre estas lágrimas que vão gotejando pelo caminho.
as mãos,
os pés e tudo, então
tocando e apalpando a escuridão
dentro e fora d'alma
ao lado e diante daquilo mesmo que não sou.
não chegarei a ser...
coisa pequena!
questão de segundos para pisar fora ou dentro e perco a linha.
a linha é meu esboço para o mundo
pois nela eu moro, inconstante, e nunca piso
se piso, morro!
um, dois, três pulinhos e Santa Dinfna segura.
Hora de ir
no silêncio, enquanto ele habita ao redor
e, mesmo indo, não piso.
depois dos números ímpares, a claridade
e mato, mato o tempo e o que há nele.
nunca me satisfaço
e se, vez ou outra, o chão inclinar-se,
vou descalça, dedos presos com gosto.
que declínio!
espantosamente entediante.
envia-me, Deus, cura imediata ou valha-me!

terça-feira, 14 de setembro de 2010

depois da marcha nupcial...

 
 
Seu lugar é ao meu lado
Até que Deus queira
Hoje saberão quanto eu te amo
Quando finalmente seremos dois

Eu nunca estive tão seguro
De amar assim sem condição
Olhando para você, meu amor te juro
Cuidar sempre da nossa união

 
Hoje eu lhe prometo amor eterno
Ser para sempre tua, no bem e no mal
Hoje eu demonstro o quanto te quero
Amando-te até o meu fim

A melhor coisa que me aconteceu
Foi ver você pela primeira vez
E estar assim de mãos dadas
Este é o amor que eu sempre sonhei


Hoje eu lhe prometo amor eterno
Amando-te até o meu fim!
 
(Il Divo)

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

dilacerante...


Não imagino que estás sozinho, agora.
não penso em nada mais senão num homem, inteiramente nu e absorto em seus pensamentos obscuros.
estás onde? aonde? aqui, há tempos, não!
é quando tento enxergar além do vão da porta e escutar teus passos aproximando-se de mim.
já era a felicidade de ter você todas as noites, tão perto. doce e, ao mesmo tempo, selvagem.
é! acostumei-me à esta grossa maneira que tens de lidar com o que cerca-te.
hoje, é nada e nada mais senão chorar esperando tua volta.
teu corpo e teu sorriso triste.
teu dorso e teu falar ríspido.
és tudo que lembrarei para sempre, antes de tentar dormir e sonhar.
e sonharei contigo!
e povoarei-me destes sonhos estranhos, espelhados e tão nitidamente marcados...
encontrarei-te em todos eles.
n'alguns serás violentamente menino e n'outros, tristemente, homem...
tua tristeza exacerbada abala-me previamente.
era nas manhãs ao teu lado, quando, ainda dormindo, podias sorrir, calado. somente!
a tua lucidez pouco eventual torna-te errôneo e escandalosamente avesso a sentimentalismos.
tua lucidez faz de ti um ser pouco normal...
exageradamente amargo.
serás assim para sempre. penso.
não podes ver, ouvir ou sentir o amor.
o amor para ti é aquele fardo profano que queima aos poucos a alma humana.
e para ti mesmo, o que é a alma humana senão um odre raso?
o que seria o amor senão uma enfermidade humilhante?
homens verdadeiramente másculos não amam?
não!
tens assim, deste modo, olhado-me tanto surpreso,
 indagando secretamente se inda amo-te...
amo, sincera e desesperadamente.
ainda e sempre!

Profanação


Nunca me deste nada
fagulha de esperança entrelaçada
amordaçada entre os cacos cintilantes d'alma
deste-me o beijo pálido e sem feitiço
dos tempos sem claridade e mortos
a andar vagos pela sala escura e úmida...
deste-me o selo eterno da discórdia
aquela paixão que apagou-se com o menor arfar
o corpo cálido e demasiadamente cansado
atroz tão pouco fui e, retaliada pelo destino, não pude ver
que tanto fizeste frio, e calado, quando
entregaste-me apenas a lança da morte.