sexta-feira, 10 de setembro de 2010

dilacerante...


Não imagino que estás sozinho, agora.
não penso em nada mais senão num homem, inteiramente nu e absorto em seus pensamentos obscuros.
estás onde? aonde? aqui, há tempos, não!
é quando tento enxergar além do vão da porta e escutar teus passos aproximando-se de mim.
já era a felicidade de ter você todas as noites, tão perto. doce e, ao mesmo tempo, selvagem.
é! acostumei-me à esta grossa maneira que tens de lidar com o que cerca-te.
hoje, é nada e nada mais senão chorar esperando tua volta.
teu corpo e teu sorriso triste.
teu dorso e teu falar ríspido.
és tudo que lembrarei para sempre, antes de tentar dormir e sonhar.
e sonharei contigo!
e povoarei-me destes sonhos estranhos, espelhados e tão nitidamente marcados...
encontrarei-te em todos eles.
n'alguns serás violentamente menino e n'outros, tristemente, homem...
tua tristeza exacerbada abala-me previamente.
era nas manhãs ao teu lado, quando, ainda dormindo, podias sorrir, calado. somente!
a tua lucidez pouco eventual torna-te errôneo e escandalosamente avesso a sentimentalismos.
tua lucidez faz de ti um ser pouco normal...
exageradamente amargo.
serás assim para sempre. penso.
não podes ver, ouvir ou sentir o amor.
o amor para ti é aquele fardo profano que queima aos poucos a alma humana.
e para ti mesmo, o que é a alma humana senão um odre raso?
o que seria o amor senão uma enfermidade humilhante?
homens verdadeiramente másculos não amam?
não!
tens assim, deste modo, olhado-me tanto surpreso,
 indagando secretamente se inda amo-te...
amo, sincera e desesperadamente.
ainda e sempre!

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