quinta-feira, 3 de março de 2011

Últimos versos...



                                                                                a Rodrigo Soares Resena




ainda, tua imagem desgraçada no espelho 
ainda, teu perfume sangrando em meu travesseiro
ainda, teu nome nas páginas dos meus livros
ainda, teu desamor preso dentro do meu grito


de miséria, 
da humilhação póstuma 
da profunda insanidade
o que sobrou de nós
ou pedaços de mim, ao chão
senão em grifos
ora nos muros ora no céu cinzento e morno...


tua face em meus sonhos
e tuas mãos, último lastro, nas minhas
dizendo um adeus silenciosamente perturbado...


ainda, em meu peito o soluço da derradeira lágrima
e, nas rosas plantadas,
uma oração errante 
uma prece de pouca sorte...


pois se já não há caminhos,
que não hajam os ventos, luz celeste
que em mim, tudo o que tinhas morreu
em um único e impreciso gesto...


meu Amor, de dor profunda,
durma em paz pouco acolhida
só em meus sonhos e
                                  n'outro lugar, jamais!

Um comentário:

  1. Algo como um gesto da melancolia byroniana, misturado à sinestesia baudelariana em um arranjo profundamente cáustico... rsrsr Bela poesia...

    ResponderExcluir