segunda-feira, 4 de abril de 2011

Epitáfio de Amor





   
                               (a Rodrigo Resena)

Por favor, 
não velem-me ao meio-dia
não velem-me com cravos roxos
não batam palmas quando o caixão descer
não deixem-me sufocada sob a lua, o pavor

Por obséquio,
não levem coroas e lágrimas
não despetalem botões de rosas brancas
nem arranquem pétalas daquelas escarlates
nem miúdas ou grandes

Não esqueçam,
que minhas cinzas hão de ser derramadas
pelas mãos Dele num oceano tranquilo
na paz daqueles que submergem e dormem
numa essência, sob o céu divino...

Não pronunciem 
palavras de elogios,
murmúrios mal sentidos
nem indaguem a Deus por isso

Dá-me a Ele
senão na vida, bem seja na derradeira estrada
numa caixa verde-dourada bem lacrada
e peçam para Ele cuidar...
Peçam-no para levar-me onde quiser...

Das pedras de Itaipava
no mar sagrado 
onde doces beijos foram marcados
onde fui feliz, a menina-mulher

Digam e Ele que o encontrarei mais tarde
n'algum lugar
n'algum, sem rumo ou destinos marcados
digam-no que esperarei lá.

E quando fechar as palmas escorrendo cinzas
peçam a Ele para me Amar,
como a primeira vez...
como no primeiro olhar!

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