terça-feira, 27 de julho de 2010

désir


mordia a palma das mãos,
os dentes no pulso esquerdo,
esquecia o perfume borrifado por tardinha e sentia o amargo
o amargo do desejo.
vinte dias cantando francês
a professora, com os cabelos pintados de vermelho, as meias três-quartos cinza
um je t'aime bem soado e timbre seco,
fazia-me suar.
mal fadada conquista.
deixei de ser um rapaz vivo e apaixonei-me cedo.
nem sequer uma palavra bem posta,
antes um murmúrio e pronto!
mas ela cantava com as mãos à cintura
e, cerrando as pálpebras, levantava os pés.
menino ainda, eu sorria inerte e aprumado.
medo dela notar o desejo febril
meu desejo solitário
noites e noites, só e constante!

Um comentário:

  1. parabens pelas sábias palavras que escreveu de seu admirador mess

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