terça-feira, 27 de julho de 2010

por que sexo dói? - I

À minha casta e puritana mãezinha, que me ensinou a repudiar os homens...
DESCULPA, MÃE, POR TER APRENDIDO, mais tarde, A SER TÃO FEROZ!
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não. eu não gostava de sexo. era um repúdio iminente e mortal
das noites, depois dos beijos.
das tardes, virgindade roubada à força e depressa.
sexo era a culpa de amar exacerbadamente.
era o ato reprimido de todo bruto ser.
eu pensava.
sentia um nó na garganta e cuspia quase seco.
vertiginosamente eu derramava lágrimas póstumas.
mais que de amor, de medo
pois não foi-me dado a conhecer o amor que traria a paz do corpo
fui obrigada a atormentar-me, aviltar lascivamente meu desejo
e, de repente, o desejo nunca existiu.
amargurado e solitário, foi embora entre as coxas
vertido às lágrimas que corriam após e tão somente, após o vazio.
mas viria a ser, ainda renovado, o fruto
quase proibido, quase intacto e urgente.
adormeci com meu primeiro desejo
à espera, diante d'um espelho embaçado!
não era amor. era casualmente doentio e anti-social.
não era desejo. foi caça. eu, a prêsa crua, derrapando entre a armadilha dentada e o abismo.
morrendo, morrendo aos poucos.

2 comentários:

  1. Q lindo, Bia. Forte e nervoso este seu texto. E realmente, o sexo é um fruto urgente. Gostoso e medonho, mas urgente.

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  2. Bia, realmente aprendemos que sexo é uma obrigação, que se demonstramos que desejamos somos tidas como pervertidas, mas não dá pra negar, quando aprendemos a usar o sexo em nosso favor ão sabemos mais viver sem!

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